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O copo meio cheio… ou meio vazio… ou…

o copo está meio cheio ou meio vazio

Certamente já lhe colocaram esta questão perante a imagem de um copo com água: o copo está meio cheio ou meio vazio? Quase inevitavelmente, a resposta cairá sobre uma ou outra opção. Mas… e se houver uma terceira hipótese? Para mim, o copo não está meio cheio, nem meio vazio. Está simplesmente cheio: metade com água; a outra metade com ar.

Às vezes, a solução para um problema está mesmo diante dos nossos olhos e não a vemos porque o nosso pensamento está de tal modo formatado que vemos apenas um caminho. Um dos filmes da minha vida é o Clube dos Poetas Mortos. Recordo em especial aquela parte em que o professor John Keating (interpretado pelo saudoso Robin Williams) pede aos alunos para subirem para a mesa e dizerem a primeira coisa que lhe viesse à cabeça. O objectivo deste gesto tão simples era libertar os jovens das amarras psicológicas e emocionais que não os deixavam viver plenamente e fazer com que olhassem para a vida de uma outra perspectiva.

Por vezes, estamos tão mergulhadas nas tarefas rotineiras que nos esquecemos de subir para a mesa (ou deitarmo-nos no chão ou…) e olhar para o problema de um novo ângulo. Isto é válido para a nossa vida pessoal, familiar e profissional. Muitos negócios não vendem um novo produto/serviço, mas um produto/serviço já existente de uma forma inovadora. É importante recorrermos, com alguma regularidade, a estratégias/ferramentas que nos permitam desconstruir ideias, sentimentos, sensações, pré-conceitos e nos permitam olhar para o mundo (e para nós) de uma outra perspectiva.

Eis algumas das estratégias que utilizo:

1 – Tenho um local onde me refugio para estar comigo própria

É importante termos aquele local que é só nosso, onde possamos ir quando precisamos de estar connosco e reflectir sobre o que nos preocupa. Por vezes, é o suficiente para conseguirmos desatar o nó (seja este real ou imaginário). O meu fica à beira-rio. Sempre que vou até lá, levo a máquina fotográfica, um bloco e uma caneta e vou anotando e fotografando sentimentos, ideias, frases que oiço ou que leio. Mesmo quando não posso ir lá fisicamente, vou espiritualmente.

2 – Pensar fora da caixa

Fotografar é uma das minhas grandes paixões. É uma das formas que encontrei para expressar a minha criatividade e me obrigar a olhar para o mundo (e para a vida) de uma outra perspectiva. Fotografo muitas vezes o mesmo enquadramento a cores e a preto e branco. Acreditem, as diferenças entre um modo e outro são grandes. Também não fotografo sempre em pé ou sentada. Muitas vezes, deito-me para capturar aquele ângulo mesmo, mesmo diferente, conseguir que a câmara capture aquela luz especial ou que o objecto/pessoa a fotografar ganhe uma nova dimensão. E não me coíbo de o fazer em qualquer sítio. Já me deitei no chão de igrejas em Roma, de museus em Barcelona e no deserto do Sara. Também prefiro fotografar os pormenores à panorâmica geral. É também uma forma de nos obrigar a desconstruir a nossa visão do que nos rodeia.

3 – Inspiro-me nos outros

O que não significa copiá-los. Há pessoas que são verdadeiras fontes de inspiração (pela forma como falam, como vestem, como pensam, como trabalham, como interagem com os outros, etc.). Tento sempre apreender o melhor de cada uma dessas pessoas nos diversos contextos e servir-me disso. O objectivo não é ser igual ao outro, mas inspirarmo-nos no outro.

4 – Escrevo à mão

Tenho sempre um bloco de notas e uma caneta à mão. Em momentos de grande stress ou de grande actividade intelectual, escrevo o que me vem à cabeça, mesmo que, à partida, possa não fazer sentido. Há quem prefira falar para um gravador ou escrever no telemóvel/tablet. Eu prefiro fazê-lo da maneira tradicional. Escrever à mão ajuda-me a pensar e a organizar melhor as ideias. Neste momento, tenho um caderno apenas para o meu futuro negócio. Vou escrevendo ideias que me surgem, informações que recolho em vários locais, conselhos que me dão e que me vão ser úteis no futuro. Anoto também frases inspiradoras que leio na imprensa, em livros, nas paredes das casas-de-banho públicas, em muros, etc., etc., etc.

5 – Respeito os meus horários biológicos… sempre que posso

Todas nós temos um período do dia em que estamos mais inspiradas/criativas. O meu é ao final do dia/início da noite e vai pela madrugada fora. Nem sempre é possível trabalharmos no período do dia (ou da noite) em que somos mais produtivos, mas sou da opinião que, em momentos críticos, devemos tentar fazê-lo. A minha tese de doutoramento foi praticamente toda escrita durante a madrugada. Tentei fazê-lo nos horários ditos normais, mas não resultou. Cheguei a estar manhãs inteiras em frente ao computador sem conseguir escrever uma frase e, à noite, a escrita fluía sem dificuldades. Claro que tive que readaptar a minha vida a este ritmo, dormindo até mais tarde de manhã e fazendo pequenas refeições durante a noite.

Fátima Mariano
Jornalista desde 1997, trabalhou no Diário de Notícias e no Jornal de Notícias. Foi colaboradora das revistas Agrotec – Revista Técnico-Científica Agrícola e +Vida e presidente da direcção do CLUPAC – Clube Português de Coleccionadores de Pacotes de Açúcar. É sócia da Chão dos Bichos – Associação.


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