Carreira Assédio Moral / Mobbing / Bullying em Meio Laboral Publicado em 29 de Janeiro, 2018 A maioria das pessoas está mais consciente da hora, do tempo, do seu saldo bancário, do que da tensão do seu próprio corpo. A consciência corporal é o primeiro passo para reconhecer e reduzir o stress. A manifestação da doença crónica – Fatores Psicológicos Vários estudos têm vindo a demonstrar a interacção existente entre o corpo e os estados emocionais, enfatizando a noção de que o corpo regista o stress muito antes da mente consciente. A tensão muscular é a forma encontrada pelo corpo para informar o indivíduo que se encontra sob stress e quando este é eliminado a tensão também tende a desaparecer. Neste sentido, a tensão crónica ocorre em pessoas com determinadas atitudes, que promovem a tensão no seu corpo, desenvolvendo doenças crónicas pela recidiva da sua exposição prolongada a contextos e focos de stress muito elevados. Exemplo: Quando uma mulher não quer deixar transparecer a sua raiva, provavelmente sentirá tensão e dores crónicas no pescoço e costas; um homem muito ansioso quanto ao futuro poderá desenvolver problemas gastrointestinais crónicos com maior facilidade. Doença Crónica e incapacidade para o trabalho Esta tensão muscular crónica dificulta a digestão, limita a auto-expressão e diminui a energia. Cada músculo contraído limita e bloqueia o movimento. Seria desejável que cada pessoa estivesse atenta à sua consciência corporal, ajudando a diminuir sinais e sintomas musculares crónicos, prevenindo assim a doença. Um recente artigo publicado pelo Instituto Hospital do Mar e Investigação Médica de Barcelona salientou que a maior parte da incapacidade para o trabalho no sul da Europa (Portugal, Espanha e Itália) resulta da doença crónica. Em países desenvolvidos a Dor Crónica constitui a condição clínica que justifica um maior número de incapacidades temporárias e permanentes, incluindo doenças como a depressão, ansiedade, enxaquecas, artrite, doenças cardiovasculares (AVC e derrames), insónia e doenças respiratórias, obesidade, diabetes tipo 2, problemas gastrointestinais e doenças autoimunes. Apesar de serem inicialmente tratáveis e de terem uma intervenção clínica baseada nos sintomas que os doentes apresentam, a longo prazo o tratamento deixa de ser eficaz, afectando a qualidade de vida, social, familiar e profissional dos pacientes. A dor crónica, como a depressão e os distúrbios de ansiedade, justificam quase metade das incapacidades no centro-oeste da Europa (Bélgica, França, Alemanha, Holanda e Irlanda do Norte). Na Europa do sul, a depressão justifica a incapacidade total em 25% dos casos manifestados. A perda de capacidade do trabalho provocada por condições de saúde comuns e tratáveis é tudo menos negligenciável, pelo que a incapacidade temporária pressagia a incapacidade permanente. Stress e Sistema Nervoso A relação entre o stress e o sistema nervoso pode influenciar o sistema imunológico, desencadeando a doença crónica que, muitas vezes, se faz acompanhar pela manifestação de sintomatologia de dor aguda e frequente, a dor crónica. A dor é considerada crónica quando perdura há mais de seis meses. Este tipo de dor é uma das causas mais comuns de incapacidade a nível mundial, podendo os seus efeitos físicos e emocionais ter um grande impacto na qualidade de vida dos indivíduos afectados. Vários exemplos de dor crónica têm sido associados a alterações no córtex pré-frontal, uma região cerebral que desempenha um papel importante nos aspectos sensoriais e emocionais da dor crónica. Os fatores psicossociais, tais como a rejeição social, o isolamento e traumas advindos do assédio moral vivenciado em contexto laboral, podem programar o sistema imunológico para o resto da vida, ameaçando a resistência ao stress e consequentemente o processo inflamatório, afectando o sistema imunológico e originando o aparecimento de uma doença crónica. É portanto provável que um processo inflamatório crónico aliado à fraca resistência ao stress possa explicar o desenvolvimento de muitas doenças crónicas. No meio laboral, as experiências relacionais levantam frequentemente o véu ao aparecimento e desenvolvimento de muitas doenças psicossociais que dão origem às crónicas, promovendo a incapacidade técnica, cognitiva e emocional, que se manifesta inicialmente como temporária e pode passar facilmente a permanente, pela inoperância da postura que algumas chefias adoptam, não actuando para a resolução de situações onde o assédio moral (mobbing) e o bullying laboral (ocorre “face a face”, ou seja, caracteriza-se por comportamentos de confrontação direta face ao sujeito-alvo, frequentemente envolvendo confrontos físicos e/ou verbais de ameaça ou de intimidação), se verificam. Assédio Moral O assédio moral (Art.º 18 CT) pode manifestar-se intencionalmente por uma conduta abusiva caraterizada por comportamentos, actos, palavras e gestos, através de uma comunicação hostil direccionada aos colaboradores de uma empresa, trazendo dano à personalidade, dignidade e integridade física e psíquica de um trabalhador, colocando em perigo o seu ambiente laboral e o próprio emprego. Por norma, o colaborador que vivencia uma relação com estas caraterísticas tende a assumir uma conduta defensiva e auto-repressiva, facilitando cada vez mais ao agressor, seja colega ou chefia, a prática recorrente de outras formas de ataque, degradando gradualmente o ambiente de trabalho. A vítima, com o passar do tempo, ficará progressivamente mais desestabilizada devido ao desgaste emocional e psicológico que afeta a sua capacidade cognitiva e a sua competência profissional. Terá tendência para adotar posturas de isolamento, desenvolvendo distúrbios emocionais inerentes ao desequilíbrio emocional e, em último recurso, deprimindo. Abuso de poder e assédio O perfil do agressor manifesta-se através de uma manipulação perversa exercida sobre o outro, de forma recorrente, que propaga e potencia, muitas das vezes de forma galopante, a degradação da dignidade e integridade física e psíquica da vítima. A coação psicológica advinda de repetidos e recorrentes episódios ocorridos ao longo do tempo, potenciados pelo agressor, mascaram uma manipulação perversa e competitiva, atingindo a auto-estima da vítima. O acto de assediar, isto é, de submeter alguém a pequenos ataques repetitivos em contexto laboral, com insistência, poderá produzir na vitima sentimentos de humilhação e desrespeito, levando-a a sentir-se moralmente coagida, o que perturba a sua motivação, concentração e desempenho profissional, desgastando e minando a sua auto-estima, atingindo a sua saúde física e psíquica e o seu equilíbrio emocional e anímico. O agressor Quanto ao agressor, é possível identificar alguns traços de personalidade e emocionais típicos. Normalmente, apresenta traços de manipulação, perversidade e controlo face à sua posição hierárquica. Apresenta um narcisismo muito acentuado e sentimentos de grandeza e necessita de se evidenciar até mesmo nos pequenos detalhes. Evidencia um egocentrismo extremado, manifestando ausência de empatia e uma necessidade extrema de obter admiração e aprovação. Ao assediador falta-lhe profundidade afectiva e também segurança face à falta de confiança que sabe possuir, o que o leva a temer ser descoberto. No trato com o outro, começa por impossibilitar a comunicação com a vítima, impondo o seu ponto de vista, ordem ou delegação em termos de funções, cortando o diálogo, recusando a comunicação directa, sobretudo no envio de normas publicadas através de email, ou atacando a vítima, isolando-a, denegrindo a sua reputação, descredibilizando o outro, manipulando e degradando desta forma o ambiente de trabalho. A estratégia quanto à recusa na comunicação directa visa desarmar a vítima, cortando a possibilidade de diálogo, o debate de ideias, impedindo o outro de pensar, compreender ou reagir, nem que seja com alguma sugestão, não vá a vitima sobressair com uma ideia ou ponto de vista mais adequado face aos objetivos propostos. Com tal conduta o assediador procura silenciar a vítima, atacando-a verbalmente, mostrando rejeição ou então desprezo. É tigualmente comum o agressor desacreditar a vitima, colocando em causa a sua competência, fazendo-a perder a sua auto-confiança. Recorrentemente, utiliza insinuações desdenhosas para desqualificar a vítima, comprometendo a sua credibilidade, profissionalismo e desempenho profissional. Regularmente, critica o brio profissional de forma injusta e exagerada, delegando na vítima novas tarefas e pressionando-a, obrigando-a sistematicamente a rever as prioridades de execução das tarefas que lhe são atribuídas, chegando a evidenciar uma atitude extremada de violência verbal e física. As consequências As consequências de assédio moral são devastadoras para a integridade física e psíquica da vítima, sobretudo ao nível da sua auto-estima, desempenho e produtividade, comprometendo a sua qualidade de vida e saúde. O assédio moral, traduzido na exposição prolongada e repetitiva da vítima a humilhações e constrangimentos, atinge a sua saúde ao colocar em causa a sua identidade, personalidade e dignidade. A vítima passa a viver num contexto hostil e tenso, capaz de gerar distúrbios psicossomáticos. Como tal, exibe desmotivação, stress, ansiedade, isolamento, perturbações do sono e desequilíbrio severo, podendo chegar a uma reacção ansiogénica e emocional aguda (ataques de ansiedade). Manifesta sentimentos de ofensa, menosprezo, humilhação, exclusão, indignação, vergonha, raiva, revolta e desvalorização. Esta situação poderá conduzir a um quadro de depressão acompanhado da ocorrência de uma doença que poderá acabar por se tornar crónica. Ana Magina Silva Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde, I.S.P.A., Lisboa (2010) PG em Selecção e Recursos Humanos, U.L.H.T., Lisboa (2007) CEO &Founder PsicoFértil, Lisboa (2010) Responsável pelo Programa de Intervenção e Apoio Psicológico em Infertilidade Membro Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução Actividade Profissional: Centra grande parte da sua actividade profissional no trabalho em Consultório, colaborando no desenvolvimento do projecto PsicoFértil, assumindo-se como uma iniciativa de divulgação e esclarecimento de informação sobre a abordagem psicológica da Infertilidade disposta a ajudar todos os casais na conquista pela Fertilidade. Participou numa rúbrica de TV “Pais&Filhos”, numa peça sobre Infertilidade (2016): Programa “Pais&Filhos”: “Tentar engravidar com ajuda médica”
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