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A importância da crítica e do autoconhecimento no empreendedorismo

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Quando lançamos, ou estamos no processo de lançar, um projeto novo, existem muitas expetativas e sentimentos relacionados com o mesmo.

Um novo projeto é uma extensão de quem somos, dos nossos ideais e dos nossos valores. Um novo projeto é, como tantas vezes se ouve, “como se fosse um filho”. Somos, por isso, muitas vezes aconselhadas a procurar os amigos, quem nos quer bem, e afastar-nos de quem nos puxa para baixo ou de quem nos diz palavras mais duras ou nos dirige observações mais rudes.

Se é verdade que estarmos rodeadas de “boas energias” nos permite um outro tipo de ânimo, é também importante olhar com atenção para as críticas que nos fazem, mesmo quando sabemos que muitas vezes a crítica surge por despeito, por inveja, por má intenção.

Mas se retirarmos o peso emocional da crítica, será que o conteúdo da crítica é verdadeiro?

Será que levanta uma questão para a qual ainda não olhámos com atenção?

Será que nos aponta uma fraqueza real que temos e que precisa ser trabalhada, resolvida, fortalecida?

Muitas vezes se diz e se acredita que o empreendedorismo se baseia apenas no olhar para as nossas forças, para as nossas competências, para as nossas capacidades. Creio que esta é só meia verdade. O empreendedorismo deve basear-se no autoconhecimento, profundo e honesto, de quem somos como um todo, enquanto pessoas e enquanto profissionais.

Somos o que fazemos bem e o que fazemos mal, e o momento da aceitação deste conjunto é fundamental. Nada nos tira valor, e o autoconhecimento pode a escada que nos ajuda a atingir o nosso total potencial.

Aceitarmos quem somos nem sempre é fácil.

Especialmente quando temos um objetivo firmado que queremos atingir e que tem como obstáculo alguma das nossas próprias dificuldades ou fraquezas. A frase “sou eu própria que me estou a limitar e ao meu sonho” é difícil de verbalizar, é difícil de aceitar e até pode ser difícil de entender.

Passámos tanto tempo da nossa vida a fazer as coisas de uma determinada maneira, que nem sempre conseguimos ver como poderíamos ser (em melhor) sem nos comportarmos assim. Aceitarmos quem somos nem sempre é fácil.

Mas quando o fazemos passamos a ser totalmente responsáveis por nós e o controlo passa a ser internos e não externo. Passamos a depender totalmente de nós, sem esperar que venham de fora as soluções de que precisamos.

Aceitar onde falhamos ou o que fazemos mal não é sinónimo de baixar os braços.

Pelo contrário. É a nossa oportunidade para nos questionarmos, para nos conhecermos, para aprofundarmos o conhecimento que temos sobre nós próprias e criar de novo.

Reconstruir, reatribuir significado, adquirir novas competências e novas alianças – comigo e, quando necessário, com os que me rodeiam. O mundo incita-nos constantemente a ver o que é bom, o que funciona, o que resulta, mas como se criam soluções para problemas sobre os quais não nos debruçamos? Como se fortalece uma estrutura sem sabermos onde está fraca?

As nossas falhas existem, não somos perfeitas.

A maior parte das nossas falhas podem ser corrigidas e ainda melhor corrigidas se formos nós a encontrá-las e a construir as estratégias que as vão resolver. Ter claro o que faço bem é tão importante como ter claro o que faço mal (e não apenas menos bem).

Que medo teremos de nos ver tal como somos? “Eu não sou capaz”, “eu não sei”, “eu não quero” são tudo frases verdadeiras no agora, no momento presente. Nada nos impede, depois de as dizer, de ir tentar, de ir aprender, de conseguir ultrapassar aquele obstáculo.

A verdade individual é preciosa, libertadora e orientadora.

Se sei quem sou, posso saber o que posso fazer, tenho segurança total nisso, e as minhas hipóteses de atingir o sucesso aumentam exponencialmente. A aceitação é um momento de clareza mental, de visão total interna.

Por isso, frases como “mas achas mesmo que tens jeito para isso?”; “não percebes nada disso, para que é que te vais meter nesse buraco”; “depois não digas que eu não te avisei” podem ser encaradas como avisos para parar. A atitude mais positiva pode ser “agora vou parar e refletir a sério sobre o que me disseram”.

Será que há verdade nesta afirmação? Será que tenho de me preparar melhor, de outra forma, criar outro plano ou até outro objetivo? O sucesso não se atinge com a persistência nos mesmos erros, o sucesso atinge-se aprendendo com os erros, passados e presentes. O sucesso atinge-se com mais facilidade quando nos mudamos a nós, do que quando tentamos mudar o que nos rodeia (ou quem nos rodeia).

A crítica ajuda ao autoconhecimento.

Aceitar a crítica e procurar em nós onde ela pode ser verdadeira é possível, pertinente, mesmo quando essa crítica foi feita com maus sentimentos, com o objetivo de nos deitar abaixo. No fim, podemos dirigir-nos a quem nos tentou derrubar e dizer “obrigada. Sem ti, nada disto teria sido possível”.

 

Cristina Rodrigues

Psicóloga

 

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