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As Mulheres em Portugal – Relatório Preliminar

A comunidade Mulheres à Obra foi constituída em Março de 2027 com o objetivo de promover a colaboração entre mulheres empreendedoras com micro negócios. Este ano, decidimos lançar o nosso primeiro grande Inquérito sobre «A Situação das Mulheres em Portugal», o qual se destina a todas as mulheres adultas residentes em território nacional, independentemente da sua nacionalidade.

O inquérito foi lançado em Janeiro de 2023 e irá prolongar-se até ao final de Abril deste ano. Os resultados finais serão apresentados no evento «As Vozes do Empreendedorismo Feminino», o qual se irá realizar em maio, em Oeiras.

Esta iniciativa resulta da perceção de um agravamento considerável das condições de vida e de trabalho das mulheres da comunidade, nomeadamente daquelas que utilizam o grupo de Facebook. Esta perceção é expressa no conteúdo das publicações e comentários que circulam no grupo, o qual atinge uma média de 3000 publicações mensais, que merecem dezenas de milhares de comentários e reações.

De forma crescente desde a constituição da comunidade mas sobretudo desde a pandemia, estas publicações têm vindo a revelar a insatisfação com a situação socioeconómica e política que o país atravessa, a fragilidade dos negócios criados e geridos por estas mulheres e a dificuldade ao nível do acesso a bens e serviços fundamentais, nomeadamente no que se refere ao acesso à habitação.

Resultados preocupantes

Infelizmente os resultados não são surpreendentes e confirmam o que já suspeitávamos: as mulheres em Portugal estão a atravessar uma fase muito desafiante que resulta das circunstâncias que temos vivido, nomeadamente a pandemia e a guerra, mas igualmente da persistência da desigualdade de género no trabalho e no cuidado à família.

Os rendimentos são frequentemente reduzidos para fazer face às despesas básicas num contexto de elevada inflação. 50% das respondentes apresentam um rendimento mensal líquido inferior a 1000€ e quase 15% recebem menos de 500€ por mês, o que coloca muitas destas mulheres abaixo do limiar de pobreza. O acesso à habitação é uma dificuldade premente, sendo o seu custo um encargo insuportável para muitas mulheres e as suas famílias.

As mulheres que gerem os seus próprios negócios enfrentam desafios particulares, nomeadamente ao nível da carga fiscal que se aplica aos nano negócios. Apesar das dificuldades que enfrentam, quase 90% destas empreendedoras nunca receberam qualquer tipo de apoio financeiro para os seus negócios, seja público ou privado.

 Não sei para onde me virar com tantas coisas obrigatórias a pagar constantemente e das quais não vejo retorno. Sinto que tenho um empregado que nunca recrutei ou contratei, que recebe o ordenado que seria suposto ser meu (pois eu nem remuneração consigo tirar para tentar pagar contabilidade organizada e afins) e que nem trabalha ou me ajuda em nada. É super frustrante e neste momento sinto-me desesperada e sem saber o que fazer.

É urgente Agir

Este é apenas um relatório preliminar, pois esperamos recolher mais respostas até ao final de Abril. Por este motivo, não vamos alongar aqui as nossas considerações, alertas e recomendações, o que será efetuado de forma exaustiva no relatório definitivo a ser publicado em maio.

Para já, interessa deixar claro que sentimos que nos afastamos perigosamente da realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável incluídos na Agenda 2030 por via de imponderáveis externos, mas igualmente por ação de opções económicas e políticas que é importante ponderar urgentemente. Daí divulgarmos este relatório preliminar já, na expectativa de ir abrindo caminho para o diálogo com a sociedade civil, as entidades públicas e todos aqueles com interesse e responsabilidade nesta matéria.

Pedimos por isso às nossas leitoras que colaborem neste esforço respondendo ao nosso questionário, que pode ser acedido por este LINK.

Pode solicitar o envio do relatório completo para camilarodrigues@mulheresaobra.pt

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