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Blog para que te quero – As mulheres que fazem os blogs de sucesso

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Conheça as Mulheres diferenciadoras que fazem os Blogs de maior sucesso em Portugal

O mundo dos Blogs exerce um fascínio considerável sobre o público adepto das redes sociais, que tanto segue bloggers inspiradores, como sonha em vir a ter o seu próprio blog. Se frequentemente se «sonha» com a possibilidade de se transformar um blog num negócio de sucesso, há algo que não devemos esquecer: um blog verdadeiramente interessante não é apenas um negócio e tem sempre algo de genuíno e original. Tem aquele toque pessoal de quem o criou, transmite parte da sua essência, reflete a sua sensibilidade.

Não pode ser copiado, repetido ou imitado. Não há uma fórmula para o sucesso de um blog, o sucesso deriva de fatores muito pessoais, únicos e irrepetíveis. Há pessoas interessantes, com muito para partilhar, que conseguiram transformar os seus blogs em referências incontornáveis da blogosfera. Fomos conhecer duas bloggers que se enquadram neste perfil e que dispensam apresentações: Ana Garcia Martins (A Pipoca Mais Doce) e Sofia Castro Fernandes (Às nove no meu blog).

Sofia Castro Fernandes: «Às nove no meu Blog»

Como nasceu o «Às 9 no meu blogue»?

Nasceu da sequência natural do meu hábito de escrita. Escrever sempre funcionou como uma forma de terapia. Primeiro nos meus diários, depois nos cadernos, daí para a escrita online e agora, de volta ao papel em dois livros. A escrita online acontece numa fase da minha vida profissional que me exigiu muitas viagens entre a Europa e o Brasil, acrescia que o núcleo duro da minha família também estava fora de Portugal. Esta tornou-se, então, numa forma simples de comunicar com eles, de poderem acompanhar o meu dia a dia e ao mesmo tempo de eu poder continuar a escrever, como sempre fiz e continuo a fazer.

Quem era a Sofia antes do blogue e quem é ela agora?

O blog nasceu em 2005. Tem 13 anos e muitas coisas mudaram desde essa data. Eu mudei muito do ponto de vista pessoal. Hoje, sou mãe e mulher apaixonada, sou mais tranquila e confiante e o às nove acompanhou estas mudanças todas. Do ponto de vista profissional, arrisquei, empreendi, criei a minha própria empresa de formação com escritório em Lisboa.

O que nos revelas sobre ti no teu blog?

O às nove sempre foi um reflexo de uma parte de mim. É muito importante para quem gere uma marca como o às nove saber filtrar o tipo de informação mais ou menos pessoal que os leitores vão gostar de ler. Por isso, há muito de mim, sem dúvida: o que gosto, o que penso, o que sinto, o que agradeço. E um cuidado especial naquilo que é uma das imagens de marca do blog, de não falar do que não gosto, do que me irrita, do que me chateia, do que me aborrece. Tudo isto faz parte da minha pessoa, como de qualquer outra pessoa. Mas é um facto que não transparece no blog. De resto, o às nove tem várias redes sociais interligadas e após o lançamento dos livros tem havido um pouco mais de curiosidade acerca da pessoa por detrás do blog. Nesse sentido, tem também havido uma maior exposição, com entrevistas na rádio, televisão e imprensa escrita, bem como mais fotos minhas e da minha família, em alguns (poucos) eventos em que participo.

Quem são os teus seguidores? Como te relacionas com eles?

A minha base de seguidores globalizou-se. Um estudo mais antigo apontava para um target maioritariamente feminino, sobretudo de Lisboa, com nível de formação superior e níveis funcionais mais elevados. Hoje, este público é muito mais abrangente, sobretudo pela influência do Facebook e do Instagram, que vieram trazer novos públicos. O primeiro generalizou o acesso e o segundo trouxe sobretudo mais jovens.

Quais as tuas expectativas quando o criaste?

Zero expectativas. O blog era um diário (quase) pessoal.

Sentes-te realizada neste percurso profissional?

Tenho vindo a dar muitos passos, de forma mais ou menos planeada, mais ou menos estratégica, no sentido de consolidar a marca às nove, que hoje é muito mais do que um blog.

Como compatibilizas a vida familiar com a vida profissional?

O Pedro, meu marido, trabalha comigo e logo 50% fica resolvido. Os outros 50% procuro gerir de forma equilibrada, reservando tempo de qualidade para todos e, claro, para mim. Mas falho, falho muito. Como todos falhamos. O truque é saber gerir o peso e a importância que damos a um dos piores sentimentos do mundo: a culpa.

Quais os ingredientes para o teu sucesso que podes partilhar connosco?

O sucesso é relativo. Para mim, sucesso é ter alguém que me dá um abraço e me diz baixinho que gostou de alguma coisa escrita por mim, que ajudei, que naquele dia fiz a diferença. Eu entendo o conceito de sucesso como uma coisa muito pessoal. Mas entendo a questão, quando tenho 13 anos de escrita diária e ininterrupta, um alcance de um milhão de visualizações semanais e mais de 360 mil seguidores. Pelo que no meu caso, posso dizer que o único ingrediente absolutamente indispensável é o de fazer aquilo que gosto e de ter prazer naquilo que faço.

O processo de crescimento do blogue tem tido avanços e recuos, ou tem tido sempre uma trajectória ascendente? Se existem momentos mais desafiantes, como os ultrapassas?

Felizmente teve sempre um crescimento sustentado. A página do Facebook e o perfil do Instagram contribuíram significativamente para esse crescimento e, mais recentemente, o lançamento dos livros e as entrevistas na TV também trouxeram novos públicos.

Tem sido um crescimento espontâneo e não planeado ou tens uma estratégia de negócio bem delineada?

Cada vez mais, sinto que a vida deve ser vivida intensamente e no momento. Portanto, diria que tem sido uma estratégia delineada de forma espontânea (risos). Eu acredito na importância de saber gerir e planear o desenvolvimento das marcas, naturalmente, mas apenas se houver espaço para a sensibilidade do nosso dia a dia, para intervir e fazer as alterações necessárias em cada momento.

És apoiada por uma equipa profissional ou és uma «one woman show»?

No Blog, Facebook e Instagram sou apenas eu. Na Academia e em tudo o que é operacionalização do espaço, parcerias, expansão, estratégia, tenho o apoio (fundamental) do Pedro, meu marido e amor da vida inteira.

A qualidade dos conteúdos é suficiente para garantir o sucesso de um blogue ou o marketing digital desempenha um papel importante?

A qualidade do trabalho de cada um de nós, independentemente do que façamos, é sempre uma condição sine qua non. De resto, eu faço poucos trabalhos de comunicação. Foi uma estratégia que defini e com a qual estou satisfeita. É natural ter muitas solicitações porque as marcas procuram sobretudo ter visibilidades rápidas. Mas eu prefiro relações duradouras, prefiro trabalhar poucos projectos, que tenham princípios e valores que eu partilho de forma espontânea, porque acredito e confio.

Como garantir a sustentabilidade financeira de um blog sem comprometer a sua qualidade?

É preciso saber reconhecer o valor de cada coisa. Dos projectos, dos produtos, de quem está por detrás deles, de quem os comunica e dos objectivos que se propõe alcançar. Mas a qualidade não pode em momento algum ser comprometida.

Utilizas diversas redes sociais. Que avaliação fazes do seu potencial e que desafios te colocam?

Complementam-se. As várias plataformas chegam a pessoas completamente diferentes, em momentos diferentes inseridas em realidades distintas. Mas tem de existir coerência na utilização das diversas plataformas da marca. E é esse o desafio: não se repetir e dizer a mesma coisa de forma diferente, em função do target que se pretende alcançar.

Existe espírito de entreajuda entre bloguers em Portugal?

Sim, tenho algumas amigas e amigos que nasceram desta aventura da escrita em blogs.

Que dicas dás a quem está a dar os primeiros passos como bloguer?

Gostar muito do que vai fazer, ser resiliente e persistente e fazer o seu próprio caminho sem se comparar com o caminho dos outros.

O blog para além do blog: Que outras iniciativas desenvolves e quais os teus projetos para o futuro?

Neste momento, estou focada na vertente Corporate da Academia, mas a Academia às nove é um espaço com vida própria, onde estão constantemente a acontecer coisas novas.

Em 2019 vamos expandir para o Porto e Aveiro. E num futuro próximo o Brasil será (de novo) uma constante na minha vida.

Excerto de conteúdo publicado na Revista Digital Gratuita das Mulheres à Obra.

Leia aqui a reportagem completa:

Fotografia de Anete Lūsiņa no Unsplash

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