Testemunhos No sofá com a empreendedora Marcelle Rebelo Publicado em 28 de Julho, 2024 Qual a tua atividade profissional? Sou Digital Coach e Social Media, ou seja, ofereço mentoria, estratégia e também gestão de redes sociais para quem quer se comunicar de forma autêntica, aliar propósito ao seu negócio. Criar uma rede de pessoas afins em torno da sua marca é o que faço de melhor. Criei a Biblio Ideias em 2010, no ano que meu filho nasceu. Uma agência de conteúdo criativo e humanizado com uma escola para empreendedores e com uma comunidade viva, muito parceira, o Juntos Vamos Mais Longe. Quando sentiste o “chamamento” do empreendedorismo na tua vida? Hoje em dia, ao olhar para trás, vejo que empreendi em muitas áreas, desde muito nova. Empreender significa colocar energia, recursos materiais, internos em função de algo que deseja alcançar, então nesse sentido, fui co-fundadora de uma Tropa Feminina de Escoteiras no Brasil, quando ainda não se podia ter meninas nos grupos de Escoteiros. Na faculdade, era presidente do Diretório Acadêmico e percebi que os alunos de Biblioteconomia tinham vergonha de dizer que faziam o curso e fiz um trabalho de autoestima a partir de identidade visual com t-shirts divertidas, com frases empoderando os profissionais da informação e fazíamos eventos para angariar fundos para fazermos viagens para encontros regionais e nacionais. Hoje sei que isso é o empreendedorismo social, assim como a Camila empreende socialmente aqui nas MAO. Profissionalmente, eu empreendia na própria empresa onde tinha um contrato de trabalho, porque levava ideias, ações e mobilizei a Comunidade de Clientes do software e fazia encontros online e presenciais. Mas a ficha caiu e me senti empreendedora e fui aprender sobre o termo quando demiti o meu chefe. Eu era Country Manager de uma empresa de software de Bibliotecas e decidi trabalhar para mim mesma, em carreira solo e me lancei como uma bibliotecária virtual. Eu fiz um blog e comecei a prospectar clientes. A coisa não correu muito bem, porque o mercado de software mudou e as pessoas que tinham coleções privadas não podiam investir, mas eu mantive o blog Biblio Ideias e falava sobre vários assuntos ligados à informação, conhecimento, tecnologia, como tornar bibliotecas espaços mais acolhedores. Até que senti o chamamento para abrir um SPA alternativo, o Brazil Zen. Posso dizer que foi meu primeiro Coworking. Um coworking de terapeutas alternativos. Apliquei tudo que sabia e minha experiência em gestão de negócios, além do conhecimento na especialização em marketing e formei uma comunidade em torno da minha marca. Não demorou muito, a comunidade de comerciantes em torno do SPA pediu para que eu lhes fizesse o site, blog e redes sociais também. Era algo novo naquela época. Falo de 2010. Como começaste o teu percurso empreendedor? Quando eu decidi abrir o SPA, fiz cursos no SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Uma entidade privada que promove competitividade e desenvolvimento sustentável dos negócios. Busquei cursos online, falar com especialistas do SEBRAE, busquei mentores e amigos que viviam do seu ofício para compreender a dinâmica. Fiz um plano de negócios, estudo do mercado e me joguei ainda conciliando meu trabalho anterior para fazer a transição. Eu não tinha dinheiro guardado, porque o que ganhava era mesmo para pagar as despesas, mas podia naquele momento investir parte do que ganhava na abertura do SPA, com o apoio do meu marido, que sempre está ao meu lado e é empreendedor também. Precisei fechar o SPA, porque houve um problema no meu contrato de aluguel. Fui enganada e não podia ter o SPA aberto oficialmente e precisei voltar ao formato do SPA delivery, levando bem-estar às empresas e eventos. Nesse momento, passei por uma sessão de coaching com a fantástica Ana Paula Santos, minha parceira em negócios e com a necessidade de empresários em ter suas marcas nas redes sociais e vários pedidos, resolvi abrir minha agência online. Muita gente amiga e da minha família dizia que eu era louca em trocar o certo pelo duvidoso, mas era um caminho sem volta para mim, eu sentia mesmo que tinha que fazer o meu percurso. Que dificuldades encontraste neste percurso e como as contornaste? Além da dificuldade com o dono da imobiliária que me alugou um imóvel que não era compatível à licença necessária para meu negócio funcionar e tendo investido todos os meus recursos financeiros e da minha família e de amigos no SPA, ao fechar, abriu-se uma janela! A oportunidade de ter minha agência online, a partir de casa, sem custos praticamente naquela altura e podendo criar o meu filho, acompanhar seu crescimento. Tudo fluiu muito bem, formei equipe de parceiros para oferecermos sites, design gráfico, conteudistas e criamos muitas marcas do zero, cobremos eventos, nasceu a estamparia e a coisa foi indo de vento em popa, com muita gente boa do meu lado. Com o crescimento da demanda, tivemos a oportunidade de abrir um coworking e formei a comunidade Juntos Vamos Mais Longe. A dificuldade que enfrentei e ainda enfrento é mais cultural, porque muitas pessoas pensam que qualquer um pode fazer posts e que isso é fazer marketing e no fundo, envolve muitos outros processos. Mas buscam o menor preço, ou pedem para o filho, o sobrinho, a filha de uma amiga fazer o seu marketing. As mídias sociais são ferramentas e você precisa saber as bases do marketing para funcionar e isso exige tempo, estudo, experiência. A concorrência desleal e de alguma maneira a “prostituição” do mercado, com preços muito abaixo do que seria viável e respeitoso para manter uma agência, uma equipe, pagar plataformas e claro, viver do que fazemos é uma grande dificuldade no mercado e às vezes desanima. Mas nada como buscar o cliente ideal. Quando mudei para Portugal em 2019, trouxe a agência, mas precisei fechar o coworking. Mantive a escola online. Entretanto, existe a questão do Português Br x Português PT e algumas marcas e empresas não me contratavam por eu ser brasileira. Sem dúvidas, as MAO abriram portas para mim e envolvida nos grupos de trabalho, exerci meu trabalho, minha paixão. Fui convidada a fazer parte da gestão, apoiando a TEAM MAO, a MAO TEAM Coach na parte do marketing e comunicação e muitas parceiras me apoiaram a continuar e seguir em frente. Hoje em dia o cliente revisa os textos (reclama, claro…rs) ou contrato uma revisora. Dou a opção ao cliente. Trabalhar para pequenos empreendedores envolve uma montanha russa, porque infelizmente o pequeno empreendedor não consegue ainda investir em marketing o tanto quanto deveria e a oscilação do mercado e uma receita inconstante é ainda o meu maior desafio. Mesmo nas grandes empresas, o marketing é o primeiro lugar onde cortam os custos e precisa haver a percepção de marketing não é custo, é investimento e é o que vai apoiar o crescimento da marca. Comparando a tua atual atividade profissional empreendedora com o trabalho que tinhas antes, que diferenças destacas? Eu noto que sou a mesma profissional. Dedicada e lido com cada negócio de cada cliente como se fosse meu. Sou feliz ao poder escolher os projetos com os quais trabalho e me dedico e aprendo muito com cada cliente, me envolvo em cada área de atuação (terapias holísticas, educação, mercado imobiliário, seguros, dentre outros). Eu sempre trabalhei como se fosse “dona” do negócio. Comecei a trabalhar com 13 anos numa escola de educação infantil. Sou professora de inglês e trabalhei em curso e saía para panfletar, fazer ações em escolas, pintava a escola, fazia festas de Halloween, tardes de video game, tudo para encantar o cliente (aluno é cliente na minha visão). No meu trabalho anterior, eu ia além, me envolvia com a decoração dos stands de promoção do software em feiras, organizava os encontros dos usuários do software, traduzia o software, fazia material promocional. Nunca me limitei a horários e budget ou dependi de hora extra para realizar trabalhos. Por isso, acho mesmo que o melhor é trabalhar para mim. O que noto é que tenho o poder da decisão, posso escolher meus clientes, meus horários e tenho liberdade geográfica e de agenda também. Eu não queria mais viajar a trabalho e não ser dona da minha agenda. Essa é a mudança principal que me motiva a continuar a trabalhar para mim. Eu que é que sou minha chefe e preciso muitas vezes pegar leve comigo mesma, porque tenho uma tendência a ser Workaholic. Trabalhar com o que se ama tem dessas coisas, nunca achamos que é hora de parar, o que me levou a um burnout e me fez refletir sobre as escolhas que eu preciso fazer para manter minha saúde mental, física e ter tempo de qualidade, o que me motivou a trabalhar para mim, ora bolas! Não adianta nada se eu me ver na mesma condição estressada e estressante de quando trabalhava para outra pessoa. Brincadeiras a parte, é claro que cada cliente é um pouco nosso chefe e preciso me adaptar a cada negócio, cada estilo de cliente e preciso também conciliar os horários, fuso-horário (atendo brasileiros e portugueses) e trabalho vai sempre exigir de nós a relação tempo x dinheiro. Não é uma vida fácil. Mas amo o que eu faço. Eu preciso prospectar, vender, atender, criar conteúdo. Agora quero expandir minha agência.
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