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No sofá com a empreendedora Sofia Pedroso

Qual a tua atividade profissional?

Eu sou terapeuta, especializada em libertar a energia de emoções reprimidas no corpo e em corrigir os danos físicos e emocionais causados por essa energia. Esta energia acumulada pode perturbar órgãos, tecidos e sistemas, causando problemas de saúde. Além disso, reforça crenças e padrões de comportamento e pensamento negativos que nos impedem de alcançar o que desejamos e de querer realmente fazer o que sabemos ser necessário.

Quando sentiste o “chamamento” do empreendedorismo na tua vida?

Sempre tive duas grandes motivações: criar e melhorar o que pode ser melhorado. Desafiar o medo da folha em branco, seja para escrever um texto, desenhar ou desenvolver uma ideia de negócio, é algo que me inspira profundamente. Durante muito tempo, não soube o que fazer com esta motivação. Explorei as áreas do design gráfico, webdesign e automatização de marketing. Em todas encontrei satisfação, pois em cada uma delas podia criar algo novo ou melhorar algo que já existia. Contudo, foi no processo de me melhorar a mim mesma que encontrei um significado profundo, e na possibilidade de ajudar os outros que descobri um sentido para a vida.

Como começaste o teu percurso empreendedor?

Assim que terminei a faculdade, comecei a trabalhar por conta própria como designer gráfica. Mais tarde, aventurei-me no webdesign e criei o primeiro portal português sobre animais, que acabou por ser integrado na IOL. Paralelamente, dei formação durante vários anos, o que se revelou uma experiência extremamente enriquecedora. Esta dupla atividade mantinha-me atualizada sobre as ferramentas, tendências e necessidades do mercado, o que foi essencial para o meu desenvolvimento profissional.

Entretanto, voltei a Lisboa e estive 2 anos muito ligada ao empreendedorismo. Organizei grupos de coaching especializados em transformar o fracasso em sucesso. Trouxe para Portugal um evento internacional chamado F*ckup Nights, onde empreendedores partilham as suas histórias de fracasso. Este evento revelou-me o meu verdadeiro potencial. Sem recursos financeiros e sem uma rede de contactos, fui capaz de realizar várias edições do evento e chegar a uma audiência de 400 empreendedores. Consegui formar uma equipa, negociar a cedência de espaços para realizar o evento nas melhores universidades de Lisboa e até na Microsoft, e que a imprensa promovesse o evento. Valeram-me a humildade, a determinação e a audácia de querer fazer algo em que acreditava.

Que dificuldades encontraste neste percurso e como as contornaste?

A minha maior dificuldade foi, sem dúvida, vender os meus serviços. No início, a formação que dava facilitava-me a vida, pois muitas das pessoas que conheci nesse contexto acabaram por se tornar clientes. No entanto, quando deixei de ter essa “rede de segurança”, enfrentei sérias dificuldades. Não sabia onde encontrar clientes, nem como abordar os primeiros contactos.

Foi nessa altura que descobri a terapia com a qual trabalho hoje. Comecei a aplicá-la nas minhas próprias dificuldades, tanto pessoais quanto profissionais, e isso abriu caminho para que eu voltasse a empreender, desta vez livre das dificuldades que sentia antes.

Comparando a tua atual atividade profissional empreendedora com o trabalho que tinhas antes, que diferenças destacas?

Curiosamente, fiz o percurso inverso de muitos. Comecei como empreendedora e, em 2018, decidi entrar no mundo corporate. Estava exausta de lutar mês após mês para manter o negócio e queria estabilidade — ter férias pagas, poder adoecer sem me preocupar com o rendimento e desligar no final do dia. Mas o bichinho do empreendedorismo nunca me abandonou.

Eu vibro com esta ideia de mudar as pessoas, de as ajudar a descobrir o que as trava e de as libertar disso. O mundo corporate é enfadonho, motivado por interesses pouco altruístas, onde as pessoas não importam porque o dinheiro fala mais alto e o objetivo é somente vender mais e mais e mais. Eu sou sensível às pessoas que estão a ter dificuldades para obter o que querem, seja isso aumentar a confiança, lançar um negócio, subir na carreira, parar de usar drogas, restaurar um relacionamento, deixar de viver na rua ou recuperar de uma doença.

Que dicas gostarias de partilhar para quem quer dar os primeiros passos numa carreira empreendedora?

Ter um bom produto ou serviço e uma comunicação eficaz com o cliente é essencial, mas não é tudo. Podemos acertar em todos esses aspetos e ainda assim falhar se a nossa vontade consciente não estiver alinhada com o nosso subconsciente.

Imaginem-se num barco no meio de um lago, a remar em direção a um objetivo, mas com uma parte de vocês a remar na direção oposta. Mesmo que o barco avance, será um progresso lento e desgastante.

O meu conselho é que prestem muita atenção às vossas próprias reações diante das situações que surgem. Identifiquem o que vos trava, onde sentem dificuldades e as ações que tendem a evitar. Podem perceber que têm medo de vender, que se sentem inseguras em determinadas circunstâncias, que estão a repetir padrões negativos ou que estão a atrair o tipo errado de cliente. Muitas vezes, o fluxo de encomendas começa a diminuir, não porque o mercado mudou, mas porque o vosso subconsciente está a exigir descanso e a recusar, energeticamente, a entrada de novos clientes ou encomendas.

A autosabotagem é causada pela energia de emoções que reprimimos no passado, mas essa energia pode ser libertada. Podemos ter sucesso apesar dessas fragilidades, mas isso exige muito esforço. No entanto, se trabalharmos para eliminar essas fragilidades, abrimos caminho para o sucesso de forma mais fluida e natural.

Foi este processo que me permitiu voltar a ser empreendedora, e agora ajudo outras pessoas a fazer o mesmo, seja nos seus negócios ou nas suas vidas pessoais. Afinal, tanto no trabalho como na vida, enfrentamos desafios que precisam de ser superados para que possamos prosperar.

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