Home Testemunhos No sofá com a Empreendedora Ana Luísa Bolsa – Espaço 4 Elementos

No sofá com a Empreendedora Ana Luísa Bolsa – Espaço 4 Elementos

P. – Qual a tua atividade profissional?

Esta é uma pergunta para a qual tenho bastante dificuldade em encontrar uma resposta! Para ser breve, direi que é ser criativa. Independentemente do projeto em que me envolvo, tenho uma tendência natural para o observar de forma diferente. Esta criatividade inata traduziu-se numa licenciatura em Design de Comunicação na Faculdade de Belas Artes de Lisboa e, mais tarde, na conjugação desta vertente de comunicação com a visão holística do ser humano e do mundo. Atualmente sou designer, editora de textos e de conteúdos, terapeuta de Reiki Tradicional e orientadora de alimentação e de estilo de vida do ponto de vista Macrobiótica, uma área que entrou recentemente na minha vida, mas que veio para ficar!

Todas estas vertentes estão reunidas no Espaço 4 Elementos, em Lisboa, onde executo o meu trabalho, alugo espaço a outros terapeutas e acumulo a função de direção e coordenação de grande parte das atividades que aqui acontecem, sempre com uma perspetiva de integração e de respeito.

P. – Quando sentiste o “chamamento” do empreendedorismo na tua vida?

O chamamento por si nunca existiu, até porque eu desconhecia o conceito quando iniciei a 4 Elementos em 1996. O que existiu foi uma necessidade e uma oportunidade. A necessidade de mudar porque o que estava a fazer já não me satisfazia e tinha implicações a nível familiar, e uma oportunidade porque na altura me convidaram para formar de raiz uma empresa na área do design e publicidade que acabou por se tornar o meu projeto de vida.

P. – Como começaste o teu percurso empreendedor?

De forma completamente inconsciente e com uma enorme insegurança. São aparentemente dois sentimentos contraditórios, mas um acaba por compensar o outro. Não saber bem o que nos espera ajuda-nos a controlar o medo e a andar para a frente apesar da incerteza das nossas capacidades.

P. – Que dificuldades encontraste nesse percurso e como as contornaste?

Iniciar uma sociedade com 26 anos, assumindo funções de gestão para as quais não estava totalmente preparada, implicou uma mudança radical na minha vida. Playing with me, myself and I… , como tão bem escreveram os Gift, passou a ser a parte positiva e negativa dos meus dias, mas foi esta dualidade que me trouxe até onde estou, numa procura permanente para não ficar limitada ao trabalho e à casa.

Neste sentido, gerir expectativas foi sempre o meu grande desafio. As expectativas sobre a gestão do tempo, sobre a qualidade e capacidade de trabalho, sobre a constância das relações humanas, sobre as prioridades, a maternidade… No entanto, não considero que sejam dificuldades exclusivas do empreendedorismo, acredito que estão mais ligadas à responsabilidade.

Para contornar estas dificuldades, tive que aprender sozinha a lidar com os sucessos e os insucessos, optei por colocar os acontecimentos em perspetiva,  aceitando as minhas falhas. Procuro focar-me no que alcanço, devagar, e acredito que trabalhar com o coração na mente pode não ser tão lucrativo como quando temos a mente no coração, mas é mais duradouro. Tento ser fiel a mim própria, porque isso dá-me paz e determinação.

P. – Comparando a tua atual atividade profissional empreendedora com o trabalho que tinhas antes, que diferenças destacas?

A minha experiência como trabalhadora por conta de outrem foi relativamente curta e dividiu-se por trabalhos muito diferentes, a comparação com o que sou hoje é difícil, mas a estabilidade de um ordenado fixo é sedutora e a possibilidade de não levar trabalho para casa também. No entanto, a liberdade de escolha que existe quando trabalhamos num projeto nosso supera bastante esta estabilidade e, no meu caso, não posso deixar de referir que me permitiu ser uma mãe mais presente e disponível, o que para mim está acima de qualquer valor material, não é quantificável.

P. – Que dicas gostarias de partilhar para quem quer dar os primeiros passos numa carreira empreendedora?

Respeito. Pelos clientes, por nós e pela sociedade. Estão totalmente interligados. E é muito fácil cairmos em discussões inúteis e em lutas egocêntricas que acabam invariavelmente por destruir projetos e relações humanas.

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