Home Testemunhos No sofá com a Empreendedora Raquel Margato – Made in Dreams

No sofá com a Empreendedora Raquel Margato – Made in Dreams

P. – Qual a tua atividade profissional?

De momento, a minha actividade profissional está dividida entre duas: O emprego e o sonho. No emprego, sou gestora comercial de uma loja de acessórios de mota, o que se manterá enquanto o sonho não crescer o suficiente para voar sozinho. No sonho sou DreamMaker (nem de propósito) na “Made in Dreams”, a empresa de organização de eventos (focada em casamentos e batizados) que fundei com a Isa Oliveira em Dezembro de 2019. O nosso objectivo é criar eventos à medida de cada cliente e ajudá-los, também, a tornar os seus sonhos realidade.

P. – Quando sentiste o “chamamento” do empreendedorismo na tua vida?

Penso que desde sempre, e creio que todos os meus chefes concordariam, se pensar em todas as dificuldades, discussões e batalhas que tive com eles ao longo dos anos. Até a minha esposa me diz constantemente, quase desde o início da nossa relação, que eu só vou ser feliz a trabalhar para mim própria e a fazer as coisas à minha maneira e ao meu ritmo “SpeedyGonzález”. E por isso não me lembro de uma altura em que esse chamamento não estivesse lá. Sei que nunca me imaginei a trabalhar num escritório, com a mesma rotina todos os dias – Preciso de algo que me desafie e que me puxe pela criatividade e é isso que espero que o empreendedorismo me traga.

P. – Como começaste o teu percurso empreendedor?

Há também duas respostas para esta questão: a oficial e a não oficial. A oficial é que começou no início de 2019 – tinha acabado de me casar em Sintra em Outubro de 2018, organizei o evento todo a partir do Luxemburgo, onde estava emigrada na altura, e isso deu-me o empurrão que precisava para finalmente avançar com a minha empresa. Foi nesse o momento em que falei com a Isa e a arrastei para se juntar a mim e foi a partir daí que a Made in Dreams começou a ganhar forma.

Mas a realidade, é que a resposta não oficial é muito mais correcta e reflecte muito melhor o começo do meu percurso empreendedor. Em 2010, quase a terminar a licenciatura em Educação Básica (que detestei), participei num evento que me levou a conhecer a NCreatures, uma empresa de produção de conteúdos que, pelo menos na altura, trabalhava sobretudo ao nível de Cultura Japonesa. Foi ao trabalhar com aquela equipa que me apercebi do meu amor pela organização de eventos e da magia que há em acreditar que somos capazes de fazer qualquer coisa: que não são apenas os outros nomes “maiores” que têm a capacidade de fazer acontecer, que eu própria o poderia fazer. É isso que me atrai nos eventos, a ideia de que um conceito abstrato imaginado por alguém se possa tornar real e que EU posso fazer com que isso aconteça.

É por isso que considero que foi nessa época, e devido àquela empresa, que começou verdadeiramente o meu percurso empreendedor, e tenho apenas a agradecer-lhes por isso.

P. – Que dificuldades encontraste nesse percurso e como as contornaste?

A primeira dificuldade que encontrei foi financeira: apesar de ter optado por um projecto que não tem muito investimento material, existe ainda assim uma grande despesa associada à criação de uma empresa. O facto de ter uma sócia ajuda bastante nesse ponto, pois dividimos as despesas, além das responsabilidades.

A segunda foi compreender exactamente como começar e como singrar numa área onde já existem tantos e bons profissionais. Mais uma vez, a Isa Oliveira é um grande apoio nisto. Como é licenciada em Marketing (ao passo que eu sou licenciada em Educação Básica e em Ciências da Comunicação – o que não ajuda assim tanto na criação de um negócio!) é uma imensa mais valia para esta vertente e para o lado mais “business” da empresa. Através do material que ela tinha da faculdade, e de mais algum que a gloriosa Internet nos forneceu, conseguimos fazer um plano de negócios, que foi crescendo e evoluindo com o passar dos meses, enquanto a Made in Dreams se tornava cada vez mais real e tangível. Começámos a desenvolver estratégias de marketing e a apostar na nossa formação, de forma a tornarmo-nos cada vez mais seguras de nós e de que havia espaço para mais um bom profissional nesta área.

A terceira, com a qual ainda estou a batalhar um pouco, é a gestão de tempo entre dois empregos a tempo inteiro e uma vida social. A vontade de fazer com que a nossa empresa cresça é grande e é fácil deixar o restante para trás. Mas com um pouco de jogo de cintura e muita (muita!) organização, as coisas vão aos eixos e tudo se faz, embora sonhe com a altura em que apenas tenha de gerir a Made in Dreams e a vida social.

P. – Comparando a tua atual atividade profissional empreendedora com o trabalho que tinhas antes, que diferenças destacas?

Neste momento ainda tenho esse trabalho (o chamado “de antes”), mas creio que a grande diferença é a sensação de criatividade e de que não existem limites para além dos impostos por mim própria. É saber que tenho completa liberdade de agir e que aquelas acções são em prol de algo meu (e da Isa, vá). É saber que posso acordar amanhã com uma ideia para um evento e que tenho à minha disposição as ferramentas para que páre de ser apenas uma ideia. E, sobretudo, é a sensação única que estou a construir algo onde não existia nada e que, por isso, cada passo e cada objectivo conseguido é uma vitória, porque nasceu do nosso esforço e perseverança. E isso não tem preço.

P. – Que dicas gostarias de partilhar para quem quer dar os primeiros passos numa carreira empreendedora?

A primeira dica que dou é para apostarem em formação na área que querem seguir. O mundo está constantemente a evoluir, por isso nunca é demais investirmos na nossa educação para nos mantermos a par dessas mudanças e evoluirmos com ele.

A segunda é para verem bem o que há à vossa volta. Não se assustem com a concorrência e aproveitem para aprender com ela e pensar no que é que podem fazer para vos diferenciar: o que é que têm de único para oferecer ao mundo? Como é que o podem operacionalizar?

E por fim, a última dica é cliché, mas sinto que é importante (há clichés que existem com razão): Não desistam! Se estão realmente determinadas em começar algo vosso, lutem por isso, aprendam a adaptar-se à mudança e não baixem os braços, porque o caminho é difícil, mas vale a pena.

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