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A realidade sobre a Assistência virtual em Portugal

Sou Assistente Virtual desde 2017. Passaram três anos e ainda me perguntam algumas vezes se sou uma espécie de Siri ou se trabalho em alguma aplicação de telemóvel. Tem a sua graça e revela, ao mesmo tempo, o desconhecimento que temos sobre as “novas profissões” que a Internet nos permitiu criar. 

Eu adoro ser Assistente Virtual. Gosto do chapéu, onde cabem tantas coisas e onde eu sinto que posso realmente ser o que eu quiser; ou, perdoem-me esta mudança, onde eu posso ser quem sou e onde eu escolho diariamente as competências que quero utilizar e colocar ao serviço do outro. 

Na Academia de Assistentes Virtuais recebemos várias mensagens de pessoas que querem mesmo trabalhar nesta área, mas têm dúvidas. Não sabem por onde ir, nem sabem se isto tem alguma saída. Este é um dos motivos pelos quais decidi escrever este artigo: é hora de termos clareza sobre este tema em Portugal.

Passaram quatro anos desde que me tornei assistente virtual e não vejo motivos para não ser mais fácil encontrar conteúdos sobre a realidade da Assistência Virtual em Portugal (a propósito, esse é um dos motivos pelos quais este projeto existe). 

Como trabalhar como Assistente Virtual em Portugal?

Não sou fã de fórmulas mágicas. A Marta e a Raquel também não. Temos alguma dificuldade em dar receitas quando aquilo em que acreditamos é na paixão de cada um. 

Com isto quero dizer que não há um caminho para ser Assistente Virtual, há vários! Cada um terá o seu e o desenvolverá à sua maneira. No entanto, existem alguns passos, que são pelo menos, recomendáveis. 

O primeiro é decidir. Decidir mesmo. Decidir a sério que é por aqui. Mesmo quando queres que a Assistência Virtual seja a tua segunda ou terceira atividade, tem de ser algo que queres mesmo realizar, que realmente te apaixona e uma decisão pela qual está disposto ou disposta a agir. 

Há clientes para Assistentes Virtuais

Há vários profissionais, empreendedores, start-ups e empresas desejosos por contratar assistentes virtuais e até há os que estão à espera de saber que existem assistentes virtuais em Portugal. O teu trabalho é chegar a eles. 

Neste artigo dou várias sugestões para chegares ao teu público-alvo e, acredita, a tua motivação tem de ser superior à tua melhor desculpa. Porque se estás à espera de colocar no teu LinkedIn que és Assistente Virtual ou de colocar um post num grupo de Facebook a anunciar que és assistente virtual e a seguir aguardares que cheguem os emails, as mensagens e as chamadas… A assistência virtual não é para ti.

Em Portugal e no mundo, ser Assistente Virtual é diferente de ter um emprego fixo. Aqui tu és o teu próprio chefe e és responsável por tudo. Todas as tarefas que consegues imaginar dentro de um negócio, como a prospeção, a publicidade, o posicionamento, as reuniões, a organização do escritório e até a limpeza do mesmo vão ser realizadas por ti. Pelo menos no início. E isso não é algo mau. É apenas assumires que tens a responsabilidade de mostrar ao outro o valor que lhe podes acrescentar. 

Há uma mudança necessária na mentalidade, no sentido em que deixas de ter uma estrutura maior para te apoiar és (a empresa) e passas a ser o responsável por criar a tua própria estrutura. Tu vais construir essa estrutura. Tu.

Então, em resumo, o segundo passo é agir 

Possivelmente vais ouvir nãos, vais ficar algumas vezes sem resposta e até vais receber respostas que são o oposto daquilo que esperavas… Não desanimes, faz parte.

A assistência virtual tem sido a minha maior aventura e a minha maior viagem de desenvolvimento pessoal e profissional. Nada disto seria possível se tivesse corrido sempre tudo bem, se tivesse sido um caminho fácil e direto aos meus objetivos. 

Resiliência é um adjetivo pelo qual vais ganhar um carinho especial. 

Nem todas as pessoas vão ser tuas clientes e por vezes até vais perceber que as pessoas com quem achavas que querias mesmo, mesmo trabalhar nem têm perfil para ser clientes de Assistentes Virtuais. 

Não me tomes por arrogante. É que tu tens de ver este teu projeto de assistência virtual como um negócio e um negócio é feito para ter retorno, para ter rentabilidade. Muitas vezes queremos ajudar pessoas que não têm possibilidade de pagar pelos serviços que estamos a prestar, que têm outras prioridades ou que não valorizam esse apoio. Não é pessoal e nunca te esqueças disso.

Todos os nãos, os “nins” e até os futuros clientes que afinal não podem ou não querem comprar os teus serviços são importantes. Eles vão ajudar-te a delinear e a escolher melhor o teu caminho. 

Neste processo (e mesmo quando tudo está a correr bem), podes sentir uma enorme vontade de te diferenciares. Porque o teu cliente ideal não percebe a tua diferença de honorários, porque estás cansado ou cansada de explicar o que é um(a) assistente virtual ou porque queres ter um serviço especializado e achas que se não mudas a designação da tua profissão ninguém te vai levar a sério…

Como eu disse, ser Assistente Virtual é uma aventura

O caminho não é linear, nós somos seres dinâmicos e os nossos próprios sonhos vão-se modificando. Se “assistente virtual” não te serve, muda. Mas lembra-te: não é o teu título que o cliente compra, é a tua mensagem. Um assistente virtual é um profissional que presta apoio a outros (empreendedores, freelancers, empresas) e isso não vai mudar. 

Quanto mais Assistentes Virtuais tivermos, quanto mais pessoas escreverem e falarem sobre a realidade da Assistência Virtual em Portugal, mais fácil será o mercado conhecer e reconhecer esta profissão. Essa também é a tua missão. Por ti, em primeiro lugar. Por todos, se quiseres agir em comunidade

Se estás com dificuldade em avançar, se sentes que definir o cliente ideal está a ser um desafio ou se está numa fase de confusão quanto à tua designação ou posicionamento, procura apoio.

O segundo passo é estares atento ou atenta. Há alguns “perigos” no caminho, há várias tentações e até várias limitações que podem surgir, mas, se tiveres atento para os reconhecer e souberes pedir ajuda na hora certa, tu vais ultrapassar. 

Um Assistente Virtual pode ser o que quiser

Quando me perguntam se afinal esta profissão não tem limitações ou desvantagens, eu digo sempre que sim. Como todas! Para mim, a maior é trocar horas por dinheiro. Mas isso não é um defeito ou algo que me faça desistir. É apenas uma característica – transversal a todas as prestações de serviços. E é contornável! 

Não tens de te limitar a trocar horas por dinheiro. Ninguém tem. Podes criar infoprodutos, podes criar a tua agência, podes ir onde a tua imaginação te levar. O mercado irá sempre dar-te a última palavra, mostrar-te se esse é o caminho que queres percorrer. Mas não penses que é a assistência virtual que te limita. Na melhor das hipóteses, és tu. Porque achas que aquilo que está malsão os outros e não procuras compreender como podes tornar reais todos esses sonhos que te correm no sangue. 

O terceiro passo é nunca deixares de sonhar ou de apostar em ti. São os teus sonhos que te vão levar ao sucesso.

Em Portugal há espaço para Assistentes Virtuais, há procura e há rentabilidade. Agora há também uma Academia para te levar mais informações, inspiração e formação. 

Contudo, há algo que só depende de ti: deixares que seja a paixão a comandar as tuas decisões e estares disposto, todos os dias, a correr, de forma responsável, atrás dos teus sonhos. 

Maria Cardoso – Co-fundadora da Academia de Assistentes Virtuais

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