WeMove Europe

Um debate sobre as eleições presidenciais brasileiras no nosso grupo deixou-nos muito preocupadas. Compreendemos então que diversas mulheres empreendedoras que fazem parte da nossa comunidade entendem que a discussão de questões políticas não deve ter lugar num grupo dedicado ao empreendedorismo.

Estas opiniões traduzem um entendimento muito restrito do empreendedorismo enquanto criação e gestão do próprio negócio, sem ter em conta o contexto social, económico e político em que este mesmo negócio se desenvolve. É uma postura extremamente individualista que, na nossa opinião, não contribuiu para a construção de um ambiente empreendedor saudável, sustentável e construtivo.

Empreender é também, e sobretudo, agir sobre o nosso contexto. Implica lutar por uma sociedade mais justa e equilibrada, onde os nossos negócios, e a nossa vida em geral, possam florescer e prosperar com responsabilidade social e ambiental. Para tal é fundamental olhar para além do nosso umbigo e considerar as grandes questões que nos devem preocupar e que exigem a nossa ação.

É isto que faz a WeMove Europe, um movimento social europeu que reúne perto de 1 milhão de cidadãos.

 

O que é e como surgiu a WeMove?

A WeMove surgiu em setembro de 2015 como um movimento cidadão para uma Europa melhor, para uma União Europeia comprometida com a justiça social e económica, com a sustentabilidade ambiental e com a democracia participativa e cidadã.

O nosso nascimento derivou do generoso financiamento da Campact.de, a organização irmã do WeMove na Alemanha. Hoje, mais do 90% desse financiamento vem de doações individuais da nossa comunidade.

O âmbito da nossa ação é muito variado, sendo os principais esforços direcionados à justiça social, fortalecimento da democracia, proteção ambiental, liberdades e direitos civis, responsabilidade política e luta contra a corrupção, luta contra a discriminação e responsabilidade global.

 

Quais são as vossas principais campanhas?

Atualmente, temos 11 campanhas em curso que lidam com questões muito diversas.

 

  • “Stop Nenskra” opõe-se a um projeto hidráulico na Geórgia, por ameaçar a biodiversidade e a subsistência dos habitantes.

 

 

 

 

 

  • “O povo versus a UE” apoia indivíduos que, ameaçados pelas alterações climáticas, decidiram levar a julgamento os legisladores europeus.

 

  • “Salve o Vale de Kresna” é uma petição para que as leis europeias de proteção ambiental sejam aplicadas e salvem o vale do Kresna, na Bulgária, da destruição.

 

 

 

  • Em “Rebele-se contra a violência”, pedimos ao Conselho de Ministros da Justiça da UE que ratifique e implemente com urgência a Convenção do Conselho da Europa para combater a violência contra as mulheres.

 

Que resultados já alcançaram?

Muito recentemente, enviamos mais de 75.000 mensagens a eurodeputados pedindo-lhes que exigissem que a nova Presidenta da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, se posicionasse contra a crise climática. Em poucos dias, em colaboração com outros movimentos e organizações, conseguimos fazê-la passar de não ter uma posição sobre a questão, para aceitar que a Europa não está a fazer o suficiente e a comprometer-se em aumentar os seus objetivos climáticos.

Por outro lado, desde o início do ano passado, em conjunto com nossos parceiros, Eurodad e Positive Money, temos lutado para que os países da zona do euro que beneficiaram das obrigações gregas em decorrência da crise paguem ao povo grego, de acordo com o seu próprio compromisso de anos atrás. Pouco depois do lançamento da campanha, o Eurogrupo concordou em pagar ao país mais de 4 bilhões de euros pelos lucros obtidos com títulos gregos. Antes da reunião do Eurogrupo em abril, recebemos uma carta do seu Presidente, reconhecendo nosso pedido, endossado por 145.000 assinaturas. Na mesma reunião, o Eurogrupo decidiu desembolsar mais 1.000 milhões de euros, e este processo provavelmente continuará.

Para salvar o Vale de Kresna, na Bulgária, unimo-nos aos movimentos de base que lutam há 20 anos para evitar a construção de uma estrada neste vale mágico do rio. Como as autoridades búlgaras estão a ignorar as leis da UE, a fim de permitir a construção devastadora de uma rodovia que destruiria o vale, levámos ativistas locais a Bruxelas para que pudessem relatar o que está a acontecer aos membros da Vice-Presidência da União Europeia. Providos de um vídeo que mostra a beleza do desfiladeiro, e graças ao apoio da nossa comunidade, que inundou a caixa de entrada dos Comissários Europeus, conseguimos uma reunião com uma das principais conselheiras do Primeiro Vice-Presidente da Comissão da UE, Frans Timmermans, que se comprometeu a investigar o caso mais exaustivamente.

Leia este e outros artigos na nossa Revista Mulheres à Obra

Os cidadãos Europeus estão igualmente envolvidos, ou os cidadãos de alguns países são mais ativos do que os cidadãos de outros países?

Ainda somos uma organização jovem, por isso, no início preferimos nos concentrar em países mais populosos, como a Alemanha, a França, a Itália, o Reino Unido e a Espanha. Embora a comunidade WeMove seja bastante ativa, existem sociedades onde as pessoas estão mais acostumadas à mobilização de tipo digital, como é o nosso caso. Portanto, nesses países, as pessoas que nos seguem são mais ativas. Um exemplo claro disso é o caso da Alemanha.

Atualmente, a nossa intenção é precisamente ter uma comunidade o mais equilibrada possível em relação à população total de cada um dos países da UE. Por isso, neste momento procuramos financiamento precisamente para fortalecer nossas campanhas em outros países importantes, como a Holanda, a Roménia e Portugal. No caso específico de Portugal, temos cerca de 8.000 membros, em comparação com os quase de 35.000 da Espanha.

 

Como podem os nossos leitores aderir ao vosso movimento e apoiar as vossas campanhas?  

O nosso trabalho é quase totalmente digital, por isso, a melhor maneira de colaborar com o  projeto é assinar as nossas petições e participar em outras ações de campanha que enviamos pela newsletter e ajudar a divulgá-las usando todos os canais possíveis – via e-mail, WhatsApp, Facebook, Twitter. É igualmente possível efetuar doações.

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