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Precisamos, nas organizações, de líderes com “espírito de criança”

“Não devemos jamais deixar morrer no nosso espírito, aquela criança que um dia fomos.”

Numa sociedade que nos faz esquecer, todos os dias da magia da infância, é fundamental manter vivo o nosso lado infantil e inocente, é ele que nos impulsiona a viver alegremente e de forma única a vida”.

No dia que internacionalmente se assinala o dia da Criança lanço o desafio de refletirmos sobre a necessidade de os líderes atuais manterem o “espírito de criança” no desempenho das suas funções.

Ninguém discorda de que a criança em si é símbolo de humildade e simplicidade. Uma criança nunca procura ser maior, ou melhor, mas ser o que é: criança. Para uma liderança eficiente o líder deve preocupar-se, igualmente, em ser apenas o que é, líder.

A criança sabe perdoar, não cria mágoas, não fica com ódio, rapidamente resolve e dali a pouco, tudo fica bem. Parece que não aconteceu nada. O líder tal como a criança, necessita de resolver os conflitos, no imediato, não adiar.

É natural presenciar a alegria no rosto de uma criança, independente das circunstâncias em que ela se encontra. Não há problema, crise ou dificuldade para ela. A criança só pensa em brincar, divertir-se e aproveitar a vida. Para ela, tudo é festa, é só alegria. Enquanto líderes é fundamental, tal como as crianças, ver o lado positivo das coisas e adotar uma visão otimista da realidade, ser alegre. A alegria é um verdadeiro bálsamo para a vida.

A criança exala pureza.

Ela não tem maldade naquilo que faz ou recebe. O grau e pureza existente na vida de uma criança é algo incalculável. A genuinidade alicerçada na pureza é igualmente uma característica fundamental para o líder de hoje.

Sabe-se que grandes progressos científicos e tecnológicos surgiram a partir de uma curiosidade aguçada, de uma brincadeira tenaz, levada às raias da obstinação. O brincar e a curiosidade precisam estar no quotidiano do líder, mesmo que ele esteja mergulhado em compromissos, problemas, trabalho, horários, objetivos.

O brincar tem vários ângulos e o líder que preserva a criança que há dentro dele não é só mais feliz, mas seguramente tem mais saúde física e mental. O brincar convida o senso de humor para se expressar, tornando os problemas mais leves e as soluções mais criativas.

As crianças não ficam presas ao medo, pensando no que têm a perder ou avaliando cada passo que dão com medo das consequências. Elas simplesmente acreditam que podem e que vão conseguir. Às vezes magoam-se, noutras circunstâncias conseguem, ou então os seus planos não funcionam, mas algo ainda melhor acontece. Mas, elas arriscam porque sabem e acreditam no que querem e têm a certeza que se não tentarem nunca
saberão se é possível.

Esta capacidade de arriscar, não ficando preso ao medo, é uma competência, que tal como as crianças, os líderes deviam estimular e preservar.

Criança é sinónimo de perguntas.

Aliás, para elas a única forma de conhecer e entender o mundo é perguntando.

A propósito, para os adultos também. Num determinado momento da vida nós adultos passamos a acreditar que fazer perguntas é algo desadequado e ficamos com vergonha de perguntar o que não sabemos. Deixamos de
aprender muito por esse desnecessário receio do julgamento dos outros.

O líder, tal como as crianças, não deve ter este receio. Deve perguntar sempre o que não sabe. A criança pede ajuda sempre que necessário, o mesmo é importante que um líder faça, afinal qual é o problema em pedir ajuda?

Criança e fantasia estão interligadas.

Para a criança, um objeto, é algo mágico, encantado, que se transforma em múltiplas coisas e vive diferentes aventuras. Seria ótimo se a nossa cabeça funcionasse para sempre assim… É bom o líder olhar à sua volta com os olhos de criança, colocar a imaginação para funcionar e ver além do que é óbvio.

Colocar limites na própria vida é característico da fase adulta. As crianças acreditam que podem tudo: voar, tornar-se um super-herói, ficar invisível, fazer magia, ser uma princesa ou um dragão. E nunca se frustram porque não deixam de acreditar depois do primeiro fracasso.

Quando crescemos a nossa imaginação dá lugar a sonhos mais reais, porém a nossa capacidade de acreditar diminui. Colocamos empecilhos aos nossos sonhos antes mesmo de tentar e acabamos por não realizar nenhum deles. O líder tal como as crianças nunca deve deixar de acreditar em impossíveis, pois só assim se contagia a si próprio e à sua equipa.

Começar a andar, aprender a falar, ler e escrever são algumas das coisas que precisamos aprender na infância. Se as crianças desistissem, teríamos um conjunto de adultos a gatinhar e a chorar para obter a satisfação das suas necessidades. É muito difícil aprender a andar e falar, assim como hoje é difícil tornar-se um líder competente, e
realizar seus maiores sonhos.

Se todos desistissem, ninguém faria nada.

O líder precisa ser persistente como foi nos seus primeiros anos de vida.
Se uma criança não tem um brinquedo, ela usa a imaginação e cria um. Já os adultos, se não tiverem tudo o que querem, revoltam-se e dizem que a vida é injusta, sem sequer tentar achar uma solução acessível. O líder tal como a criança deve usar a imaginação e a criatividade no seu dia a dia.

Em suma, parece que os líderes das nossas organizações alcançariam muito mais sucesso se mantivessem o “espirito de criança”. Urge assim, cultivar o “espírito de criança”, resgatando a leveza, a confiança e a brincadeira, para interagirmos com mais prazer e criatividade com os outros.

Vera de Melo

CEO/PARTNER SET GOALS, HUMAN CONSULTING

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