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A influência da família na decisão de empreender

Quando decidimos empreender e criar um negócio estamos na realidade a permitir que os nossos dons e talentos, que vieram de longe, sejam partilhados com os nossos clientes.

Nessa dança das trocas, esquecemos muitas vezes que fazemos parte de um todo e que esse todo influencia a forma como nos posicionamos diariamente.

Se permitirmos que a nossa visão se amplie, podemos adquirir a capacidade de compreender que determinados padrões e crenças que nos limitam e das quais bebemos incessantemente, ficam connosco até tomarmos consciência do que podemos fazer diferente.

Somos influenciadas por todo o grupo familiar do qual fazemos parte, mesmo que nunca tenhamos conhecido a nossa ancestralidade na totalidade.

De geração em geração passam histórias, erros de perceção decorrentes de experiências de vida menos positivas, traumas, medos, agressões e abusos, perdas e injustiças, enfim, dinâmicas do grupo que contribuem para a forma como cada uma de nós passa a ver a vida.

As crenças e os padrões limitantes

Se no nosso grupo familiar algo é visto como negativo, como por exemplo ter muito dinheiro ou ser bem-sucedido, porque talvez, lá longe, alguém tenha sofrido consequências decorrentes dessa condição, vamos inconscientemente ficar envolvidas por esses fios invisíveis que nos ligam a tais histórias e às experiências desafiantes e sofridas.

Todas estas dinâmicas inconscientes fazem-nos reféns de crenças e padrões repetidos pelo nosso sistema familiar, passando de geração em geração, até que um descendente compreenda que é preciso olhar para aquela situação não resolvida.

Enquanto não ocorre este movimento ativo, de compreensão daquilo que nos move sistemicamente, sabotaremos a realização profissional, a abundância e o sucesso.

O movimento para a solução

Este movimento para a solução, esta “ajuda para a vida”, como referiu Bert Hellinger, é um ato de amor. Um ato de amor por ti, para que possas finalmente conectar-te com a fonte, com as tuas raízes e com toda a tua força ancestral.

Para que tal aconteça, é preciso reconhecer a força de quem chegou antes de nós, ou seja, do nosso portal para a vida – a mãe e o pai. Sim, a mãe e o pai são a chave para que possamos alcançar tudo o que trazemos lá de longe e que levamos para quem chega depois. Esses mestres que nos confrontam com as nossas maiores feridas e que as mostram até que tenhamos a coragem de as atravessar e sanar.

A coragem que falo não pode ser movida pelo desejo de querer mudar o passado ou de querer mudar os pais; é antes um movimento muito mais profundo. É aquele que nos arranca da nossa zona de conforto e muitas vezes, do nosso lugar do queixume e da vítima.

Este “tipo de coragem”, é aquele que nos “obriga” a encarar a vida, tal como ela é e tal como ela foi, sem querermos mudar nada, com a consciência de que tudo isto é muito maior do que nós e que nada do que se passou pode ser alterado.

A vida tem destas coisas, mostra os desafios e também mostra as saídas. Se ficas presa nos desafios e nas expectativas de que os teus pais reais se transformem nos pais ideais, não terás a capacidade de olhar para a tua vida e honrar tudo aquilo que recebeste.

Ficarás perdida no vazio. No vazio de ti própria, como um piano abandonado. Tantos tons e tantas melodias que poderiam ser tocadas, mas a tampa está tão bem fechada, que logo cresceram ervas por todo o lado.

A rejeição da história familiar

A rejeição da tua história familiar é, na verdade, a grande rejeição de ti própria, pois és metade pai e metade mãe. Se optas por não fazer a derradeira caminhada para a tua sanação, viverás sempre com um sentimento de incompletude, que se repercutirá em todos os teus relacionamentos, sejam amorosos, sociais ou profissionais.

Aquilo que não resolves internamente será espelhado no exterior, incluindo esse esforço enorme que fazes para conseguires alcançar o sucesso. Quanto te permites receber essa força ancestral que sempre esteve disponível para ti e que chega através dos teus pais, consegues trazer à consciência que o sucesso, na realidade, sempre esteve presente.

Onde começa o sucesso?

O sucesso vem de longe e é consequência de todas as decisões e ações da tua ancestralidade. É graças a eles que estás por aqui, a construir a tua vida com as ferramentas que eles fizeram chegar até às tuas mãos.

O teu primeiro sucesso é o teu nascimento e é essa força de viver que te move em adulta. Quanto estamos constantemente a olhar para trás, julgando decisões e destinos que não nos pertencem, deixamos de viver a vida de forma plena. Vivemos na escassez.

Ficamos presas num tempo que não é o nosso, representando personagens que não somos nós e repetindo histórias que não nos pertencem. E a vida passa. E as ervas crescem no teclado fechado do piano. Os teus dons e talentos herdados não brilham na totalidade.

Não te sentes plenamente nutrida, não consegues nutrir o outro com o teu trabalho, não há crescimento nas trocas e os clientes não permanecem. Sem a força da mãe, os projetos podem nascer para o mundo, mas não terão a força de nutrição necessária para que se mantenham e sem a força do pai poderás ter dificuldade em colocar os teus sonhos e objetivos“ de pé”, ao serviço dos outros.

O sucesso não anda só e não começa contigo. O sucesso vem de longe. A conexão com o sucesso passa pelos processos de desenvolvimento pessoal e de sanação que precisas de atravessar. O primeiro passo será sempre teu.

“Agarra em ti” e vai.

Eva Fialho

Constelações Familiares e Desenvolvimento Pessoal

https://www.instagram.com/evamfialho/

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