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Bloqueios à produtividade: quando reconhecer é combater

bloqueios à produtividade

São vários os motivos que podem impedir o normal fluxo da concretização de uma tarefa. Os seres humanos são complexos e nessa (maravilhosa) complexidade residem, por vezes, algumas armadilhas que bloqueiam o processo de produzir algo. É normal que tal possa suceder, em algum momento, mas para vencer as forças destes inimigos, o primeiro passo será (re)conhecê-los para depois os gerir de forma mais eficaz e duradoura.

Alguns exemplos de bloqueios que podem ocorrer de forma isolada ou concertada, exigindo habilidade emocional, para os deter, são:

1- Procrastinar – Quando aquilo que se quer fica em espera

Quem já não teve uma ideia e ficou à espera de a concretizar sentindo que preteria esse momento? Procrastinar, significa isso mesmo. Deixar para depois, adiar, demorar.

O acto de procrastinar assenta, na maioria das vezes, em medo ou conflito. Queremos muito fazer algo, mas o medo de que não dê certo é por vezes motivo para nos paralisar. A procura pelo prazer imediato faz-nos reter perante as tarefas que geram insegurança ou nas quais temos medo de falhar.

Ter consciência disso, apesar de ser um primeiro passo para mudar pode, por outro lado, originar sentimentos de culpa e por isso procrastinar pode trazer algumas doses de desconforto e de angústia. Apesar da motivação ser o grande adversário da procrastinação, alguns truques podem ajudar na luta contra este comportamento.

Um deles consiste em criar novos hábitos e munir-se de auto-recompensas que ajudem a torná-los rotina. Por exemplo, tomar um café antes de abraçar o trabalho que tem em mãos ajudará a que passe a associar o café com a tarefa. Após a mesma, poderá deliciar-se com uma pausa onde se dedicará a algo que goste de fazer e receberá, assim, uma recompensa imediata pelo trabalho feito.

Planear actividades, dividir grandes tarefas, em tarefas mais pequenas e exequíveis, tentando desenvolvê-las uma de cada vez, são também pequenas soluções que podem ajudar a minimizar os efeitos da procrastinação.

Por último, experimente dedicar-se à tarefa durante 5 minutos, sem pressões, na iminência de poder parar quando quiser. A ausência de obrigatoriedade reforça a sensação de nos sentirmos a controlar as nossas acções, o que facilita na luta contra a procrastinação.

2- Síndrome do impostor – Quando se acha que é uma fraude

A designação é forte mas este fenómeno psicológico, nas suas versões mais brandas, é mais comum do que se pensa. Trata-se do pensamento recorrente em duvidar das próprias capacidades atribuindo o sucesso alcançado a outrem ou à mera sorte.

Ou seja, a ideia de que na verdade somos impostores e que os talentos que nos reconhecem são, na realidade, inexistentes ou exagerados e que, a qualquer momento, poderão ser desmascarados. Isto leva a que decidir por concretizar algo se revele uma tarefa árdua, repleta de dúvidas, auto-sabotagem e muitas das vezes sem acção.

Ter noção de que isto é uma armadilha da mente é o primeiro grande passo para que este síndrome desvaneça. Depois, é olhar para os factos, (os méritos reconhecidos, os trabalhos terminados, os certificados obtidos) e torná-los evidências irrefutáveis do talento pessoal. Temos tendência para menosprezar muito daquilo que somos por isso temos de deixar espaço para admitir os nossos pontos fortes.

Por último, consideremos que a forma como nos vemos nem sempre coincide com a forma como os outros nos vêem. Nós conhecemos a nossa história e temos, a este respeito, uma narrativa pessoal que nem sempre é partilhada por outros.

Se estivemos nervosos em determinada situação, as outras pessoas podem nem ter dado por isso e o resultado final pode ter sido excelente. Resistir a fazer comparações com os outros é também importante, assim como aceitar que os pequenos fracassos que possamos ter fazem parte de um processo de desenvolvimento e aprendizagem que se quer dinâmico.

3- Perfeccionismo – Quando ser perfeito é o único objectivo

E quando não se começa algo enquanto não se acha que se o fará de forma perfeita? A verdade é que a maior parte das pessoas reconhece que nada é perfeito mas ainda assim acalenta a ideia de que conseguirá alcançar este estado com as suas acções e, fazendo disso, prefere não começar enquanto não sentir confiança que a perfeição é possível.

Perfeccionismo é a constante insatisfação com o seu desempenho duvidando da qualidade do trabalho executado e mantendo a sensação de ficar sempre aquém das expectativas. Quem reivindica a perfeição, responsabiliza-se em demasia e tem dificuldade em aceitar os erros, munindo-se de padrões de exigência elevados os quais são avaliados de forma excessivamente crítica.

Por outro lado, têm tendência em generalizar um resultado menos bem conseguido acabando por deixar contagiar toda a sua actuação a partir de um desempenho abaixo do esperado. Ora a perfeição é, por definição inalcançável. Por isso, será importante manter os níveis de perfeccionismo dentro da razoabilidade, naquilo que se poderá chamar de perfeccionismo funcional, traçando objectivos realistas e alcançáveis e sentindo satisfação pessoal com a sua conquista ao invés de preocupação com a aceitação dos outros.

Traçar um prazo final para a concretização de algo, não se tentar superar em todas as áreas mas apenas naquelas para as quais detém mais competências, são alguns passos que podem ser dados.

Rita Siborro

Psicóloga

Fotografia de Carl Heyerdahl no Unsplash

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