Home Testemunhos No sofá com a Empreendedora Paula da Silva – Avatares Lusitanos

No sofá com a Empreendedora Paula da Silva – Avatares Lusitanos

Empreendedora

P. – Qual a tua atividade profissional?

Neste momento tenho duas. Ainda estou à frente da minha empresa de comida divertida, a Pique-Poque. Fornecemos máquinas de pipocas, consumíveis e embalagens aos cinemas de todo o país. Também fomos responsáveis pela introdução dos nachos nos cinemas. Mas não podemos esquecer os feirantes e vendedores ambulantes e para eles temos produtos específicos, tais como o algodão doce.

A minha segunda e recente actividade é a introdução, em Portugal, de um curso de desenvolvimento pessoal, o Avatar. Fiz este curso em 2003, na Holanda e este método foi uma grande ajuda na gestão da minha vida empresarial e pessoal. Deu-me as ferramentas que eu precisava para ‘não dar em doida’ com trabalho e com problemas familiares, nomeadamente a saúde do meu filho. Agora quero partilhar isto com as empresárias portuguesas, pois penso que todas nós a certa altura nos deparamos com os mesmos problemas.

P. – Quando sentiste o “chamamento” do empreendedorismo na tua vida?

Bem, isso é uma longa história que começa há quase 30 anos, na Holanda. Eu era professora e investigadora na Universidade de Utrecht. Gostava do trabalho mas detestava a burocracia. E eis que aparece o meu ‘pai americano’ (eu fiz um intercâmbio em 1975/76 e vivi com uma família americana em Chicago) a dizer que estava em Inglaterra com um projecto de introdução de pipocas americanas, feitas na hora, nos cinemas europeus. Por incrível que pareça às novas gerações, essa coisa das pipocas nos cinemas há 30 anos não existia.

Então, eu achei o projecto fantástico porque naquele ano nos States fartei-me de ir ao cinema e devorava pipocas e depois quando regressei à Europa tinha muitas saudades disso. O projecto do pai americano em Inglaterra foi um fiasco, porque ele e os seus parceiros queriam impor o conceito deles sem ter qualquer conhecimento ou sensibilidade pela realidade inglesa.

Mas quanto mais ele se queixava mais eu tinha gana que o projecto vingasse. Afinal, queria voltar a comer boas pipocas! Os americanos decidiram regressar a casa e foi-me oferecida a possibilidade de ficar com o stock de máquinas e restantes ingredientes. E lá fui eu com o meu ex-marido alugar um camião e partimos rumo a Inglaterra buscar as coisas. Loucos!

Continuei a trabalhar na universidade mas ao mesmo tempo comecei a fazer pesquisa de mercado e a adaptar o conceito dos americanos à realidade holandesa.

P. – Como começaste o teu percurso empreendedor?

No início fui bater à porta das grandes cadeias de cinema mas a resposta era sempre a mesma: Pipocas? Milho é para as galinhas.

Até que alguém me disse que havia uma base americana no sul da Holanda. Contactei o cinema da cidade e a resposta foi do tipo, ‘meta-se no carro e traga a máquina, os americanos fartam-se de pedir pipocas quando vêm ao cinema’!

Foi o meu breakthrough. O meu conceito de vendas foi um sucesso e não só os americanos aderiram às pipocas, mas os holandeses também. E munida com dados de vendas na Holanda fui novamente bater à porta das grandes empresas. O sucesso foi uma bola de neve e em pouco tempo tinha contratos com todas as cadeias de cinema.

 P. – Que dificuldades encontraste nesse percurso e como as contornaste?

A grande dificuldade foi mesmo o sucesso.

Comecei a empresa Popcorn USA quando ainda estava na universidade. Chegou a um ponto que tive de sair porque não aguentava mais a carga horária. A minha casa também se tinha tornado um armazém, com sacos de milho no hall da entrada e máquinas de pipocas no quarto de hóspedes. Então a primeira dificuldade foi encontrar instalações adequadas (e baratas). Depois a contratação de pessoal, à medida que o negócio ia crescendo. A dificuldade maior foi mesmo conseguir acompanhar o crescimento sem perder a qualidade dos serviços prestados.

P. – Comparando a tua atual atividade profissional empreendedora com o trabalho que tinhas antes, que diferenças destacas?

O facto de agora ‘ter a faca e o queijo na mão’. Sempre fui uma pessoa muito independente e com grande dificuldade em ‘acatar ordens’.  Na universidade era independente nas minhas aulas e métodos de ensinar mas depois havia a chatice das reuniões de departamento.

Agora com a minha nova actividade profissional, a introdução dos cursos Avatar em Portugal, a diferença é que estou a começar do zero, tal como comecei do zero há 30 anos na Holanda. Nessa altura estava num país estrangeiro, com um conceito estrangeiro e fui pioneira na minha área da comida divertida. Agora ‘jogo em casa’ mas voltei a ser pioneira porque me lanço no mundo do desenvolvimento pessoal, que pouco tem a ver com pipocas!

P. – Que dicas gostarias de partilhar para quem quer dar os primeiros passos numa carreira empreendedora?

Só uma: segue a tua intuição. Se tiveres uma ideia e sentires que faz todo o sentido para ti, vai em frente, por muito louca que pareças. A tua intuição, o teu ‘gut feeling’ como dizem os ingleses, será a tua bússola. Também ela irá guiar-te para que encontres as pessoas indicadas para te ajudarem. Não tenhas nunca vergonha de pedir ajuda e dizer que não sabes isto ou aquilo. Ah! E faz o curso Avatar!

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