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Comunicação consciente – como falas com o teu filho?

parentalidade consciente

Uma das queixas mais tradicionais e recorrentes dos pais é a falta e a falha na comunicação com os filhos.

Quantas vezes nos sentimos a falar “para a parede”? Quantas vezes nos sentimos completamente ignorados pelos nossos filhos, de tal forma que depois de repetir várias vezes a mesma coisa só nos apetece gritar, dar ordens e recorrer a castigos de forma a manipular o seu comportamento?

Será que é esta forma de comunicar que vai produzir resultados? Que tipo de relacionamento terás com o teu filho se constantemente gritas ordens para conseguir que ele “colabore”? Ok, ele não ouve de outra maneira, dirás …

Então imagina que falas com um amigo, com um colega, com o teu companheiro, ou que falam contigo baseando a comunicação em julgamentos, acusações, sermões, ironias, avisos, comparações… como te sentes? Tens vontade de colaborar?

Em que circunstâncias preferes aceder a um pedido, fazer uma tarefa, seguir uma regra…?

– quando és criticado, ameaçado ou castigado se não acederes?
– quando te retiram um privilégio por não teres colaborado?
– quando é suposto fazeres simplesmente porque “alguém está a mandar”?

– quando te explicam, agradecem e te mostram como é importante colaborares?
-quando respeitas e confias em quem te faz o pedido?
– quando participaste, de alguma forma, na origem ou decisão que antecede o pedido?

E em que circunstâncias acreditas que as crianças preferem colaborar contigo?

Acredito que se alterarmos a forma de comunicar o resultado será diferente.

Quero deixar-te, por isso, alguns passos essenciais para uma comunicação consciente. Esta forma de comunicação baseia-se na utilização de linguagem pessoal (I-message ou Mensagem-EU, criada pelo psicólogo americano Thomas Gordon) e em princípios da comunicação não violenta. Se quisermos ter uma comunicação que promove conexão e vontade de colaborar devemos falar na primeira pessoa e devemos ser bem claros sobre o que queremos, o que muitas vezes não acontece.

Uma comunicação pessoal é eficaz, pois falamos através do EU, e exprimimos as nossas próprias necessidades e vontades.

No início pode ser difícil, parecer pouco natural, mas com o tempo e a prática, se fores verdadeiramente autentico e falares do coração, vais ver que se torna numa forma de comunicar muito natural e que funciona muito melhor do que dar ordens, gritar, julgar ou rotular a criança.

Não te esqueças que uma comunicação consciente começa sempre com o igual valor e o respeito pela integridade (tua e da criança).

COMUNICAÇÃO CONSCIENTE

Passo 1. OBSERVAR E DESCREVER:

Observa a situação , descreve o que está a acontecer no momento, de uma forma neutra, sem juízos de valor ou julgamentos. É uma forma de descrever a situação sem ferir a auto estima das crianças.

PASSO 2. SENTIR:

Reconhece e fala das tuas emoções e necessidades – sempre na primeira pessoa (EU) , sem atribuir culpas ou usar uma linguagem muito vaga.

Fala de ti, dos teus limites, de como a situação te faz sentir no momento e se conseguires explica o porquê, isto é, que tipo de necessidade tua não está a ser preenchida naquela situação.

 

PASSO 3. FAZER O PEDIDO:

Faz o teu pedido ( algo concreto, pela positiva e razoável).

É importante teres os teus limites bem definidos, e saber do que podes abrir mão e do que é realmente importante que aconteça.

Sê bastante claro no teu pedido e informa a criança do que queres que ela faça. Se quiseres informa a criança de uma consequência (que deve ser consciente e lógica e não em tom de castigo ou ameaça).

Se for o caso, envolve a criança na solução e estarás a ajudá-la a assumir a sua responsabilidade pessoal.

Por exemplo :

– Os teus ténis estão na sala

– Fico muito frustrada porque gosto que a sala esteja arrumada e organizada

– Quando acabares os trabalhos não te esqueças de ir guardar os ténis

 

Funciona sempre? Talvez não, mas tem várias vantagens :

*Aumenta a probabilidade da criança ouvir e colaborar.

*Ajuda a criança a melhor compreender os seus comportamentos e as consequências que deles advém para os outros

*Ajuda a criança uma boa forma de comunicar as suas necessidades e desejos

*É uma informação clara do que o adulto quer ou não quer.

 

E quando o teu filho resiste à tua mensagem pergunta-te (novamente…)

”O que posso mudar na minha comunicação para gerar mais conexão?”😉

Baseado no livro “Educar com Mindfulness – Mikaela Ovén”.

 

Fátima Gouveia e Silva (Coach e Facilitadora de Parentalidade consciente)

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