Home Testemunhos No sofá com a Empreendedora Rita Maria Nunes

No sofá com a Empreendedora Rita Maria Nunes

Qual a tua atividade profissional?

Neste momento lidero em Portugal uma marca norte americana que pretende mudar a forma como são geridos os negócios em Portugal. A The Alternative Board nasceu em 1990 e expandiu-se pelo mundo em modelo de franchising.

Atualmente sou a Master Partner em Portugal. E o que fazemos? Ajudamos donos de Pequenas e Médias Empresas a melhorar os seus negócios e a sua vida pessoal através de uma metodologia própria que combina sessões de business coaching individual, participação em reuniões mensais de um Board Consultivo com outros empresários (não concorrentes), e um conjunto de ferramentas estratégicas e workshops personalizados para as equipas.

Quando sentiste o “chamamento” do empreendedorismo na tua vida?

Sou filha e neta de empresários e criei o meu primeiro negócio aos 14 anos. Mesmo tendo feito parte do meu percurso académico ligado à área das ciências e da saúde, rapidamente percebi que não era esse o percurso que queria para a minha vida, acabando por mudar o rumo para a área de gestão de negócios.

Logo após a faculdade comecei a trabalhar em redes de franchising, e quase 15 anos depois ainda aqui estou. Acredito verdadeiramente que o franchising é o melhor método de expansão de redes e marcas pelo mundo.

Como começaste o teu percurso empreendedor?

Assim que saí da faculdade, comecei por adquirir uma unidade franchisada de uma rede de agência de viagens, montando mais um negócio. Depois, ao final de 1 ano, queria compreender melhor o outro mundo, trabalhando na gestão operacional, e surgiu a oportunidade de passar a minha posição como franchisada e ir para o master como supervisora operacional.

E assim fui construindo o meu percurso profissional. Acompanhava, na componente de gestão e na componente de operação, os negócios dos franchisados nas várias marcas por onde passei, inclusive no Brasil. Ao regressar a Portugal optei por me tornar consultora na área de franchising, ajudando essencialmente empresários a compreender qual a melhor opção de franchising para adquirirem.

Em 2020 conheci a TAB. Achei que fazia sentido trazer a marca para Portugal e candidatei-me a Master. Foi um intenso processo de seleção e, após passar pelas várias etapas e provas de competência, em 2021 fui escolhida para liderar o mercado português, tornando-me a mulher mais jovem com um franchising da marca em todo o mundo, lançando o conceito em Portugal em 2022.

Que dificuldades encontraste nesse percurso e como as contornaste?

Na TAB, especificamente, passei por um processo desafiante de adaptação do conceito ao mercado português, falar com os primeiros players e parceiros, porque era algo totalmente novo no país.

Enquanto nos EUA, Alemanha ou Reino Unido, com mercados empresariais mais desenvolvidos, é normal e banal os empresários terem os seus próprios peer boards, em Portugal, é algo que apenas as grandes empresas e os gestores de multinacionais sabem o que é.

Outro grande desafio é ser mulher. Para aqueles que acham que em 2023 isso já não existe, a verdade é que ser mulher, e ainda para mais jovem, gera um conjunto de barreiras que outros players não enfrentam. Continuo a ser confrontada com muitas questões que jamais seriam colocadas a homens, ou a ter de prestar provas de competência superiores.

Comparando a tua atual atividade profissional empreendedora com o trabalho que tinhas antes, que diferenças destacas?

Sempre fui empreendedora e estive em cargos de liderança, mas o que mais gosto de diferenciar na TAB é o facto de poder fazer parte de uma organização que opera em 5 continentes, em mais de 20 países e é o maior sistema de franchising de consultoria de empresários do mundo, galardoado com diversos prémios em vários países.

Ou seja, deixei de viver na minha micro realidade, e passei a estar envolvida com a realidade dos mercados internacionais e na forma como se gerem os negócios lá fora. Isto é, para mim, aquilo que neste momento mais me motiva: trazer para o mercado português técnicas de gestão e liderança altamente avançadas.

Que dicas gostarias de partilhar para quem quer dar os primeiros passos numa carreira empreendedora?

Primeiro, é importante reforçar que o empreendedorismo não é algo que nos seja inato; simplesmente, há uma série de características que nos tornam, ou não, mais aptos ou pelo menos mais propícios a ser empreendedores.

Uma delas é ter o “bichinho” do empreendedorismo. Uma pessoa que nunca se tenha imaginado a abrir ou a liderar um negócio, dificilmente segue o caminho do empreendedorismo. É preciso querer, primeiro.

Depois, é preciso trabalhar, ser resiliente e ter vontade de crescer. Trabalhar, porque sem trabalho não se chega a lado nenhum. Ser resiliente porque ser empresário é, por vezes, solitário, por isso, é necessário ser forte para aguentar essa pressão. E, por fim, vontade de crescer, porque qualquer empresa que chegue a um ponto em que está estagnada, não vai sobreviver.

Ver Também

No sofá com a empreendedora Cristina Alves

Qual a tua atividade profissional? Sou a artesã e curadora por detrás da marca Alcri Be Gr…